segunda-feira, 7 de setembro de 2015

CARTA FINAL ENCONTRÃO DAS CEBs REGIONAL NE 3 EM CAETITÉ

MENSAGEM DAS COMUNIDADES ECLESIAIS DE BASE  
DO REGIONAL NORDESTE III AO POVO DE DEUS DA BAHIA E SERGIPE 

Ninguém acende uma lâmpada para colocá-la em lugar escondido ou debaixo de uma vasilha, e sim para colocá-la no candeeiro, a fim de que todos os que entram vejam a luz..(Cfr. Lc 11, 33). 
Nós, das Comunidades Eclesiais de Base, do Regional Nordeste III (Bahia e Sergipe), reunidos na cidade de Caetité-Ba, nos dias 21 a 24 de maio de 2015,com a presença das Dioceses de Aracaju, Alagoinhas, Barra, Bom Jesus da Lapa, Bonfim, Caetité, Camaçari, Feira de Santana, Itabuna, Ilhéus, Irecê, Jequié, Juazeiro, Livramento de Nossa Senhora, Paulo Afonso, Ruy Barbosa, Salvador, Serrinha e Vitória da Conquista. 
Em consonância com a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, nas celebrações preparativas e a solenidade de Pentecostes, que lembra o nascimento da Igreja, tempo inspirador em que acontece o II Encontrão das CEB´s com a missão de refletir, sobre o tema: As CEB´s e a força do Testemunho e o Lema: O jeito de ser Igreja em todos os cantos”. Ao todo, éramos 282 participantes, compreendidos em: Leigos, Bispos, padres, seminaristas, religiosas e religiosos, comunidades remanescentes de quilombolas, indígenas, assessorias, e da pastora Nancy Cardoso da Igreja Metodista. Juntos, vimos de várias e diferentes comunidades, com muito entusiasmo e expectativas, em busca de um novo revigoramento da vida celebrada e das comunidades em estado permanente de missão.  
Objetivando atender às expectativas de um povo que clama por justiça e dignidade humana, as CEB´s prepararam as seguintes oficinas:
1- Na defesa da Vida, com o assessor Roberto Malvezzi (Gogó);
2- Juventude, com o assessor Pe. Cláudio;
3- Conflitos Sociais, com assessor Frei Luciano Bernard; 
4- A Igreja em saída missionária, com Mônica Muggler;
5- Meios de Comunicação, com assessor Pe. Paulo Henrique;
O encontro iniciou com uma celebração trazendo a memória da religiosidade popular. No segundo dia, lançamos um olhar sobre a atual conjuntura. A assessora, Profª Alidéia de Caetité, foi muito feliz na explanação do assunto, de forma bem atualizada, pedagógica e ilustrativa. Apresentou uma conjuntura atual, mundial, nacional e local deixando na assembleia sentimentos de perplexidade, inquietação e questionamentos da gravidade do momento histórico e nos convidando para a responsabilidade como Igreja. Como continuar em silêncio diante de tamanha situação?  
Os pronunciamentos do Papa Francisco, tem sido contundentes e denuncia as diversas realidades de violência contra a humanidade, a exemplo da migração de haitianos, aumento do trabalho escravo, estado subserviente ao poder econômico, privatização dos elementos da natureza tais como água, ventos, terras, minérios; corrupção, descrédito da população para com os políticos, violência, investida contra os direitos das comunidades tradicionais como as indígenas, quilombolas, ribeirinhas, fundos e fechos de pasto e brejeiros, investidas contra os direitos trabalhistas, conquistados com tantos sofrimentos. 
Seguindo as colocações do frei Dom Luis Cappio bispo da Diocese de Barra, ainda sonhamos com uma Igreja atenta à inspiração do Divino Espírito Santo a exemplo das primeiras comunidades cristãs e fiéis ao projeto de Jesus Cristo. Uma Igreja em missão permanente que dê atenção aos necessitados de seu tempo. Que a ação de cada comunidade seja fruto de uma experiência pessoal, a partir de Jesus Cristo e não baseada em atitudes meramente pessoais.  
Seguindo a programação no sábado à tarde, houve a socialização do Documento 100 da CNBB, pelo padre Osvaldino Alves Barbosa, da Diocese de Caetité. O mesmo abordou a temática: “Comunidade de Comunidades;” conversão pastoral e paroquial, conversão pessoal e estrutural. Fundamentado no documento citado, nos mostrou uma igreja preocupada com sua missão e ação. Uma igreja em continuidade com a eclesiologia do Concílio Vaticano II e das conferências latino-americanas. Uma igreja que insiste no valor das comunidades e incentiva a presença e a participação de leigos e leigas, visando uma igreja toda ela ministerial. Que busca formar, motivar, acompanhar e dar apoio a seus membros, seja qual for o ministério de cada um.Uma igreja tão sonhada por Dom Oscar Romero e que hoje se torna o sonho de todos nós. 
A exemplo de dom Hélder Câmara que nos dizia: “Não deixem a profecia morrer.” e diante da problemática apresentada e como resultado das oficinas, surgiram as seguintes propostas como compromissos que podem ser assumidos pelas comunidades: 
1- Que a Igreja incentive a formação específica para suas lideranças no intuito de participarem dos conselhos municipais de educação, visando uma educação contextualizada para atender às necessidades do aluno do campo; 
2- Formar e fortalecer, nas paróquias e municípios as comissões do meio ambiente; 
3- Revigorar nas paróquias as COMIPAS (Comissão Missionária Paroquial) e nas comunidades, equipes missionárias; 
4- Criar grupos ou equipes de ação missionária que visitem os novos areópagos: condomínios fechados, novos conjuntos habitacionais, periferias, povoados desassistidos;
5- Criar grupos de formação para o uso correto dos meios de comunicação social; 
6- Criar ou fortalecer as equipes da pastoral da comunicação; 
7- Fortalecer as lutas contra a maioridade penal; 
8- Fortalecer as campanhas contra a violência e o extermínio de jovens. 
9- Fortalecer as Campanhas de Revitalizações dos rios e contra o desmatamento.
10- Participar do Conselho Municipal do Meio Ambiente. 
Ao entardecer do terceiro dia, em caminhada pelas ruas da cidade de Caetité, celebramos o testemunho de nossos mártires: Índio Galdino, dos pataxós, Antônio Conselheiro, etc. Lembramos também da beatificação de Dom Oscar Romero, em El Salvador como mártir da justiça pelo Reino, também a reivindicação dos Tupinambás contra a PEC 215/00 (sobre a demarcação das terras indígenas) que tramita no congresso 
 Encerrando o II Encontrão, nos dirigimos em caminhada à Catedral de Senhora Santana com o povo de Deus para a Celebração Eucarística de Pentecostes. 
Segundo o Espírito do Deus do vivo, assumimos estes compromissos acima citados. 
Amém, axé, awere, aleluia. 
Caetité-BA, 24 de Maio de 2015.
Nilson – CEB’s Diocesana

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