sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Encontro diocesano das CEBs diocese de Caetité 2017




Encontro diocesano das CEBs diocese de Caetité
LEIGOS E LEIGAS PROTAGONISTAS DA VIDA NAS CEBS

 Aos quinze dias do mês de setembro de 2017, às 14h no CTL (Centro de Treinamento de Líderes) em Caetité, com a presença de 65 participantes de 28 paróquias da Diocese de Caetité, deu-se início ao encontro diocesano das CEBs. A Paróquia de Caetité faz a acolhida com dinâmica e apresentação dos presentes. Logo após, o zonal de Brumado inicia a oração de abertura do encontro. A Ir. Benedita conduz a oração refletindo sobre a importância da palavra de Deus na caminhada da igreja e na vida de cada cristão, enfatizando a importância da leitura bíblica principalmente por ocasião do mês da bíblia. Em seguida Monsenhor Alex acolhe todos os presentes trazendo saudações do Bispo D. Carvalho que se encontra em Roma em reunião com o Papa Francisco. Ele fala da importância das CEBs na igreja e diz “as CEBs não é o futuro da igreja, e sim o presente”. E continua dizendo que a igreja é composta de comunidades que com seu testemunho e seu trabalho missionário contribui para a evangelização, e que os leigos e leigas devem ser sal da terra e luz do mundo para transformar a realidade presente. Dando continuidade ao encontro Dr. Rafael da Paróquia de Guanambi  vem falar sobre a PEC 287 - reforma da previdência e seus impactos na vida dos trabalhadores. Enfatizando a importância das manifestações e da organização popular e a luta do povo para garanti seus direitos. Chamando atenção para que todos voltem sua atenção para a retirada de direitos da população que levará a população à desorganização e a precarização das famílias. O Sr. Antônio Lelys fala sobre a experiência vivida na década de 80, antes da Constituição de 1988. A luta pelos direitos, a busca pela organização da população. Ele ressalta “é preciso nos encorajarmos e irmos a luta para não ficarmos só observando, mas lutar para que nenhum direito venha a ser perdido”. Após a reflexão sobre a reforma da previdência a Ir. Ida conduz o momento de oração com o terço missionário, em profunda oração e meditação sobre o ser missionário no mundo. Logo após o jantar todos os presentes são convidados a assistirem o filme: Filhos do Sol. Um filme que retrata a exploração de mulheres que são tratadas com tamanha desumanização e em cativeiro sendo exploradas sexualmente. A proposta do filme é levar a uma reflexão sobre a perda dos direitos humanos, a exploração. Já no sábado 16/09 o dia inicia as 7h com a oração da liturgia das horas, momento para prepararmos o coração para o novo dia que se inicia. Dando continuidade ao encontro Pe. Osvaldino Barbosa traz sua contribuição sobre o tema:
LEIGOS E LEIGAS PROTAGONISTAS NA VIDA DAS CEBs. Enfatiza que os leigos precisam e devem ser a esperança profética desse tempo. Ajudar as crianças e jovens a fazerem suas escolhas de vida, pois a realidade é gritante cerca de 60 mil pessoas são assassinadas por ano no país, que os leigos precisam ser coordenadores de comunidades que anime a vida da comunidade que aja de maneira a fazer a comunidade crescer e enfatiza que “o laicato como um todo é um verdadeiro sujeito eclesial”. Diz também que o batismo de cada um é o convite para adentrar a caminhada pastoral na igreja, e levar o evangelho ao seio do mundo. Duas perguntas foram colocadas para que em grupo pudesse refletir melhor e debater a temática sobre o protagonismo dos leigos nas CEBs.
Cada grupo refletiu sobre como está o protagonismo como leigos e leigas nas CEBs. Um momento de partilha e reflexão sobre a caminhada com o olhar voltado para a realidade de cada um que contribui com sua presença nesse encontro.
Marli e Roseli falam sobre a espiritualidade das CEBs, sobre a caminhada das comunidades desde os Atos dos Apóstolos onde relata a fé e partilha dos bens, onde tudo era colocado em comum e o amor prevalecia. As CEBs têm uma bela caminhada fruto do Concílio Vaticano II e a luta durante a ditadura militar. A força do povo, a luta para que as CEBs se fortalecessem cada vez mais. Os intereclesiais vem para celebrar e reavivar a  caminhada das Comunidades Eclesiais de Base na América Latina. Para encerar o dia a Ir. Ida Marcon e o Sr. Antônio Lelys são convidados a falarem suas experiências de vida e
caminhada nas comunidades. A Ir. Ida ressalta a experiência e a caminhada desenvolvida na diocese de Caetité e a luta do povo que quando ela aqui chegou eram grandes as dificuldades por causa do analfabetismo e autoestima baixa das pessoas. Fala também da luta do povo por suas terras e das situações de conflitos armados que por várias vezes a mesma presenciou. O Sr. Antônio Lelys fala de sua experiência na década de 70 e 80 onde grileiros ameaçavam a vida do povo, tomando suas terras e expulsando as famílias das comunidades. A luta era constante e desafiadora e termina dizendo “não podemos deixar a luta morrer”. No domingo 17/09 o dia se inicia com a santa missa, celebrando a vida e a caminhada das CEBs, refletindo a liturgia dominical que convida a perdoar quantas vezes for necessário e praticar o amor e a reconciliação. Após a Santa missa Marcos Coordenador do Conselho de Leigos da Diocese fala sobre a importância do conselho na caminhada dos leigos e também do conselho na Diocese de Caetité. Nilson faz um breve apanhado de tudo que foi vivido durante os três dias de encontro agradecendo a todos e enfatizando a importância de cada leigo ser fermento na massa, ser sinal de transformação em cada comunidade. Roseli faz a prestação de contas agradecendo a todos pela colaboração e empenho na venda dos bilhetes para o sorteio da cesta de brindes. É feita a avaliação do encontro que foi visto pelos presentes como bastante positivo. Ir. Ida conduz o momento de oração com reflexão sobre a caminhada missionária. Padre Lely dá a bênção encerrando o encontro diocesano das CEBs da Diocese de Caetité.
 
Coordenação diocesana das CEBs Diocese de Caetité

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

“A Bíblia é o grande instrumento de libertação dos leigos”

A Bíblia nas mãos do povo, no Brasil, é o grande gesto de libertação.

 “A Bíblia é o grande instrumento de libertação dos leigos”. Entrevista com Francisco Orofino Quando se fala de Leitura Popular da Bíblia não se pode prescindir de Francisco Orofino, que, em companhia de Carlos Mesters e da equipe do CEBI (Centro de Estudos Bíblicos), soube encontrar o caminho para que no Brasil a Bíblia tenha chegado às pessoas e seja usada como instrumento diário do trabalho pastoral. A validade do seu trabalho e de sua metodologia comprova-se no fato de que pouco a pouco seus trabalhos foram sendo traduzidos para as diferentes línguas e que esta forma de aproximar o texto Bíblico da vida das pessoas esteja cada vez mais presente em todos os cantos do mundo. Nesta entrevista, o biblista brasileiro nos mostra a importância de que a Bíblia esteja nas mãos do povo, um fenômeno nascido do Vaticano II e no qual, na opinião de Orofino, não há volta atrás. Ao mesmo tempo, vai desfiando as consequências que essa Leitura Popular da Bíblia tem, ou poderia ter, para a vida da Igreja no dia a dia. Confira a entrevista: Qual é a importância da Bíblia para a Igreja católica hoje? F.O. – Se há uma conquista irreversível do Vaticano II, ao menos no Brasil, é a Bíblia nas mãos do povo. Há iniciativas do Vaticano II em que houve retrocessos durante os 35 anos dos Pontificados de João Paulo II e Bento XVI, como a “reforma” da Reforma Litúrgica ou a reclericalização, a recentralização no clero. No entanto, é irreversível, ao menos na nossa perspectiva pastoral do Brasil, no aspecto da Bíblia nas mãos do povo. Pode chegar o Papa mais fechado, que não vai conseguir retroceder nessa conquista. A Bíblia nas mãos do povo, no Brasil, é o grande gesto de libertação. Significa que o leigo tem em suas mãos aquilo que, segundo a própria Dei Verbum, é a fonte primeira da Revelação. E se o leigo tem em suas mãos a fonte primeira da Revelação e a lê a partir da sua própria realidade econômica e sociopolítica, esse leigo está fazendo teologia. Para dizer a verdade, a Bíblia nas mãos do povo rompeu o monopólio da teologia, até então restrita ao clero. Ter a Bíblia nas mãos do povo é um gesto de libertação da teologia clerical. Por isso, a Bíblia nas mãos do povo permite o avanço em duas grandes questões do Vaticano II, que sempre vão ser foco de tensão: a questão da desclericalização e da descentralização. Creio que Francisco, desde a sua experiência latino-americana, toca nessas duas teclas, que ele percebe que foram os pontos fracos das conquistas do Vaticano II. A descentralização, que ele traduz na sinodalidade, e a desclericalização, em relação a que aponta três grandes instrumentos pastorais para o processo de desclericalização: o poder de decisão dos conselhos pastorais paroquiais, os círculos bíblicos e as comunidades eclesiais de base. Portanto, vejo a Bíblia no contexto pastoral latino-americano como o grande instrumento de libertação dos leigos, como uma coisa necessária para que eles possam ter mais poder de decisão na caminhada da Igreja. Isso não cria certas disputas entre o clero e os leigos? F.O. –Qualquer coisa cria disputas entre o clero e o leigo. Se você fizer um curso de liturgia em uma paróquia e começar a fazer a proposta litúrgica do Vaticano II, que é o novo enfoque dado à celebração eucarística, como ceia e não como sacrifício – o que dizia Trento e o que o clero continua pensando –, tentando recuperar como leigo a dimensão da ceia do Vaticano II, o clero vai reagir. O mesmo acontece no campo da Bíblia, pois o clero tem teologia, mas não tem Bíblia, e quando um leigo vai conhecendo a Bíblia vai enfrentar uma barreira, pois o clero sente que não está capacitado para discutir com eles. Muitas paróquias, hoje, não admitem a realização de cursos bíblicos, nem círculos bíblicos, nem reflexão bíblica, porque percebem que a Bíblia nas mãos dos leigos é um importante instrumento de conscientização do laicato. Poder é poder e, ou eu começo a combater essas emancipações, ou eu perco meu poder; e o clero não quer perder seu poder. Portanto, sempre vai restringir as iniciativas dos leigos, seja no campo da liturgia ou da formação, principalmente catequética. No Brasil, segundo o Diretório Nacional da Catequese, todos devem elaborar esquemas catequéticos vivenciais a partir da Bíblia. A maior parte das paróquias pensa que os esquemas catequéticos devem ser doutrinais a partir do catecismo. Muitas paróquias não admitem o uso da Bíblia, querem o uso do Catecismo. Você está dando a entender com sua resposta que o clero nem conhece nem quer conhecer a Bíblia. Por que essa falta de formação bíblica nos estudos teológicos, por que essa falta de interesse para estudar a Bíblia do ponto de vista teológico? F.O. – Porque o clero é formado basicamente para duas coisas: administração dos sacramentos e a parte econômica. Por isso, um pároco tem os dois pontos básicos nessa administração: na dos sacramentos é o único que pode consagrar; na parte econômica é o único que assina cheques. Se você está em uma paróquia e consagra e assina cheques, você manda. Então, o estudo bíblico passa como uma coisa despercebida, pois o clero não vê a Bíblia como um importante instrumento de evangelização, porque não está interessado nem é formado para evangelizar, mas é formado para administrar. Os padres são sacramentalistas e construtores. A partir disso, poderíamos dizer que a Igreja católica é mais judaica que cristã? F.O. – Para a instituição, e isso vale para qualquer tipo de Igreja, inclusive a mais pentecostal, a fundamentação bíblica adequada é o Antigo Testamento. Se você fala do dízimo, Jesus nunca falou disso. O dízimo é uma instituição do Antigo Testamento. Nossas Igrejas pararam no Primeiro Testamento; raríssimas são as que vivem o Segundo Testamento. Não quero dizer que não existam e de fato existem sacerdotes muito bons, mas em termos institucionais, as Igrejas, ainda que seja por necessidade, ficaram no Primeiro Testamento. Partindo da Bíblia, como seria possível afastar-se dessa Igreja Vetero-testamentária, piramidal, para construir uma Igreja mais circular, própria do Novo Testamento, e que foi impulsionada a partir do Vaticano II? F.O. – Sou suspeito de falar sobre isso, porque esse é o meu trabalho. Creio que a única maneira de romper a velha estrutura piramidal, centralizada, são as comunidades eclesiais de base. Mas há um problema muito sério nas comunidades eclesiais de base, pois estas têm uma “caminhada” de 45 ou 50 anos, e na cabeça de muitos assessores, eles pensam que as autênticas comunidades eclesiais de base são aquelas dos anos 1960 ou 1970. Temos que ver hoje quem está entrando nas comunidades eclesiais de base, o que está buscando, que tipo de pessoas está procurando as comunidades. Por isso, creio que a comunidade eclesial de base é a verdadeira concretização do conceito de Igreja que aparece na Lumen Gentium: a Igreja é o Povo de Deus congregado em nome da Trindade Santa. Por isso, temos que buscar pequenas comunidades que vão fazer a sua vida, sua catequese, sua liturgia, em pequenos núcleos. Mas, ao mesmo tempo sentindo-se em rede. Nesse ponto, os pentecostais conseguem isso, são pequenos núcleos, mas têm ao mesmo tempo uma consciência de rede de pertença. Quando há uma convocação, eles vão todos. Nós teríamos que aprender da pastoral dessas pequenas comunidades. Mas, isso só vamos conseguir se houver de fato uma emancipação dos ministérios laicais frente ao clero. Enquanto os leigos pensarem: eu não vou tomar a iniciativa de criar uma comunidade naquele lugar porque o padre ainda não me disse nada, nunca vamos avançar. Por isso, penso que temos que investir sempre naquilo que é a grande conquista do Vaticano II e que é dito inúmeras vezes, mas que nunca se concretiza, que é o chamado protagonismo dos leigos. Vejo como uma bênção de Deus a carta que o Papa Francisco mandou ao cardeal Marc Ouellet, para que o cardeal a remetesse às Igrejas latino-americanas. Essa carta foi enviada em março e quando chegou maio e o Papa viu que o cardeal ainda não a tinha publicado, ele mesmo tomou a iniciativa de publicá-la. Nela diz claramente que se fala muito de que “chegou a hora dos leigos, mas a impressão que tenho é que o relógio parou”. Por isso, penso que o nosso drama hoje é como fazer avançar o relógio, o protagonismo dos leigos. Dizer que a hora dos leigos chegou é algo de que já estamos cansados de ouvir, mas como se concretiza isso? Creio que as comunidades eclesiais de base, como proposta pastoral, ainda têm sua hora. O que foi que parou ou quebrou o relógio? F.O. – Em primeiro lugar, o movimento da história, que é pendular. A história da Igreja nunca é retilínea, uniforme e ascendente, mas pendular. Tivemos 20 anos, de 1958 a 1978, de uma proposta de Igreja com João XXIII e Paulo VI. Depois, tivemos 35 anos de outra proposta de Igreja, com João Paulo II e Bento XVI. Agora, o pêndulo está voltando para o outro lado com Francisco. Creio que o que Francisco está fazendo terá continuidade. Talvez não seja uma continuidade natural, porque tampouco houve uma continuidade entre João XXIII e Paulo VI; os dois eram modelos de papado diferente. Creio que Francisco está abrindo um espaço, colocando o pêndulo de volta. Quem percebeu que o pêndulo chegou ao seu ponto extremo foi Hans Küng, quando escreveu seu último livro e no qual dizia que a Igreja está doente, fazendo um relato da Igreja como se esta fosse um doente terminal. Se Bento não tivesse renunciado, provavelmente a Igreja teria chegado a um momento extremo. Penso que o próprio Bento, com seu gesto profético, disse que esse modelo acabou e que chegou a hora de encontrar outro caminho, e esse caminho é Francisco. Tudo está voltando, e creio que esse movimento de Francisco deve durar outros 20 anos, pois é um pêndulo, a caminhada da Igreja é pendular. Isso faz parte da história. Você falou dos círculos bíblicos, que é um dos elementos que não podem faltar nas comunidades eclesiais de base, a partir da leitura popular da Bíblia. Como tudo isso repercute na vida de quem vive sua fé nas comunidades eclesiais de base? F.O. – Em primeiro lugar, quero dar uma resposta mais institucional. A Dei Verbum suscitou um desafio para todas as Igrejas. Nesse desafio existem quatro passos que foram dados. O primeiro: colocar a Bíblia nas mãos do povo, pois não tinha Bíblia, já que não fazia parte da tradição católica ter Bíblia. Um primeiro passo que ainda não chegou a todas as Igrejas, a todas as comunidades, que de fato o leigo tenha sua Bíblia para seu uso pessoal, lê-la, esse é um passo importante na Pastoral Bíblica. A segunda coisa que considero mais importante é capacitar agentes. Um dos grandes esforços que a Igreja fez nestes últimos anos foi capacitar agentes de Pastoral Bíblica em todos os níveis, desde o nível mais elementar até cursos de grau superior. O primeiro curso de pós-graduação em Bíblia aqui no Brasil é de 1986; antes não havia. A capacitação foi outro grande esforço. Em terceiro lugar, encontrar uma metodologia adequada. A Leitura Popular da Bíblia é a metodologia adequada dentro do que pede a Pastoral Bíblica a partir da Dei Verbum. Neste ponto devemos muito às várias contribuições surgidas no campo da educação. Aqui no Brasil, principalmente a proposta da educação libertadora de Paulo Freire. A grande contribuição no método de leitura bíblica, adotado pelo Centro de Estudos Bíblicos, o CEBI, a partir daquela grande inspiração nascida de Carlos Mesters. Mas, temos que dar um quarto passo, que a própria Conferência Episcopal já percebeu, mas que está sendo difícil, que é a animação bíblica de toda a pastoral, o que se está fazendo devagar. A primeira vez que isto foi sistematizado, orientado e assumido institucionalmente foi no Sínodo de 2008, mas até agora as dioceses não têm claro como dar esse passo. O que significa, de fato, a animação bíblica de toda a pastoral? F.O. – Penso que seria o uso da Bíblia em quatro grandes campos. Primeiro, na liturgia, e neste ponto o clero tem que colocar na cabeça que o povo tem o direito de receber em cada celebração a mensagem que está nas leituras e não na cabeça do padre. Por isso, já no Sínodo de 2008 havia um pedido unânime para que a Santa Sé desse orientações sobre homilética. Francisco acabou fazendo isso de uma maneira muito bonita na Evangelii Gaudium, onde está muito claro, podendo dizer que a partir daí não faz a homilia só quem não quer. O segundo ponto é o da catequese, pois temos que construir uma catequese vivencial, a partir da Bíblia e gradualmente abandonar a catequese doutrinária a partir do Catecismo. O terceiro ponto seriam as diferentes práticas pastorais a partir da Bíblia, onde entrariam os círculos bíblicos. Por último, e não por isso menos importante, a espiritualidade dos fiéis a partir da Bíblia, como instrumento de espiritualidade, retiros bíblicos a partir da metodologia da Leitura Orante da Bíblia. Creio que pouco a pouco vamos começar a dar esses passos, mas esses passos nos mostram que temos muitas coisas para fazer. A propósito de Carlos Mesters, sendo você um dos seus principais discípulos e colaboradores, qual é a contribuição de Carlos Mesters aqui no Brasil para a Teologia Bíblica, desde a Leitura Popular da Bíblia, e qual é a contribuição para você, em termos pessoais? F.O. – Carlos teve duas intuições que são fundamentais: a primeira é que devemos capacitar-nos na Bíblia, o que significa que devemos estudar muito e nos melhores centros. Mesters é formado em Bíblia pela École Biblique de Jerusalém, um dos melhores lugares do mundo de estudo bíblico católico. Agora, devemos capacitar-nos não para o mundo acadêmico, mas para trabalhar com o povo. O respeito pelas pessoas é o que pede a nossa capacitação. Por isso, Carlos é alguém que estuda muito, o que admiro nele, mas estuda muito para trabalhar com o povo, não para o mundo acadêmico. Aprendi isso dele e sigo-o nesse ponto, me capacito muito para trabalhar com o povo. Tenho muitas reservas em relação ao mundo acadêmico. A segunda coisa que acho importante na vida e proposta de Carlos é sua capacidade de sistematizar seus trabalhos e dar a essa sistematização a mesma importância que ao mundo acadêmico, que são as contribuições populares. Em um estudo acadêmico, ou em um artigo, Carlos pode escrever assim, como disse um biblista importante da École Biblique, assim como também disse dona Maria do Recife. Carlos coloca a contribuição acadêmica do lado da vivência popular e sistematiza seus escritos a partir dessas duas fontes. Esse é seu grande segredo. E muitas vezes pensamos que a Bíblia é um instrumento acadêmico. F.O. – Sim e que devemos fazer teses com ela. Creio, com todo o respeito, que se se vai a uma universidade europeia e se compra um livro, ali este é um comentário ao comentário feito por um determinado comentarista. É uma repetição. Sempre comparo o estudo acadêmico da Bíblia com os índios mascando folha de coca, que vão mastigando e colocando num lado da boca. Depois de um tempo, a bochecha fica enorme, pois vão entrando novas folhas e a bola cresce. Assim é o estudo acadêmico da Bíblia, de vez em quando aparece uma nova folha, mas o que foi acumulado continua dentro da boca. Essa visão da Bíblia como o livro do povo é algo que falta na Igreja ocidental, pois de fato os poucos trabalhos sobre a Bíblia com grupos cristãos na Europa são traduções dos trabalhos de Carlos Mesters. Por que falta esse trabalho na Europa? F.O. – Há duas coisas importantes. Uma vez fizemos um intercâmbio entre o Centro de Estudos Bíblicos e a Igreja luterana da Suécia. Eles queriam começar os círculos bíblicos e algumas equipes do Brasil foram para a Suécia. Ali se encontraram com uma barreira, que eu creio ser intransponível. Na cultura europeia a Bíblia é um livro institucional. No caso dos luteranos, era ensinada na escola como uma matéria, uma disciplina; no caso dos católicos, é um livro do clero. Portanto, o povo não sente a Bíblia como algo seu, e esse é o grande segredo da pastoral bíblica aqui no Brasil. Como aqui no Brasil nunca houve Pastoral Bíblica e o povo nunca teve a Bíblia em suas mãos, tinha apenas uma tradição oral da Bíblia desde a época da conquista, o povo sente a Bíblia como algo seu, enquanto que nenhum europeu sente a Bíblia como algo seu, importante para a sua vida, para dar uma direção à sua vida. Por isso, essa Leitura Popular da Bíblia que fazemos no Brasil não tem uma produção pastoral acadêmica, apesar de que se repete muito o trabalho da Casa da Bíblia na Espanha, por exemplo, que tem várias iniciativas interessantes, mas se choca com a institucionalização do texto, que é do clero, institucional, da Igreja; que o povo não sente como algo seu, não o busca. Aqui no Brasil, não, o povo busca. 
 –Fonte: A entrevista é de Luis Miguel Modino e publicada por Religión Digital, 25/08/2016. A tradução é de André Langer. Publicado pelo Instituto Humanitas. Publicada em cebi.org.br/2017/09/01

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Formar leigos para terem mais liberdade e autonomia

Cidade do Vaticano (RV) - Os membros do Conselho Episcopal Pastoral da CNBB, reunidos em Brasília, nos últimos dias, refletiram sobre o pentecostalismo e neopentecostalismo no Brasil. O texto apresentado pela Comissão do Ecumenismo e Diálogo Inter-religioso indica que “é preciso agilizar nossa solicitude social”, dando respostas às necessidades espirituais das pessoas, à carência de seus corações por algo de mais profundo, à cura, à consolação e à proximidade com o transcendente.
Outro ponto destacado no texto pede para “fomentar pequenas comunidades e formar liderança leigas”. E registra a seguinte constatação: “temos paróquias tão grandes, em geral, que nossos fiéis não se sentem em casa, mas sim deixados de lado e abandonados; enquanto que se sentem em casa – aceitos, estimados e acolhidos – nas pequenas comunidades dos grupos pentecostais”.
O texto propõe como uma possível resposta por parte da Igreja Católica incrementar o clima de família nas paróquias através de pequenas comunidades, grupos de oração, grupos juvenis e outros, investindo decididamente na formação de leigos que possam guiar tais grupos.
Entrevistado recentemente pela RV, Dom Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas, no Maranhão, defende a necessidade de uma presença maior da Igreja, inclusive através de uma maior autonomia e autoridade aos leigos, bem formados para o pastoreio. 
“Uma presença permanente de pessoas revestidas de autoridade sem depender tanto daqui e dali, que tenham autonomia; pois percebemos que um dos sucessos das Igrejas evangélicas, protestantes, é que cada um se sente Igreja, cada um é Igreja, então cada um faz aquilo que acha que tem que fazer... com uma autonomia quase plena. Nós algumas vezes delegamos a autoridade, o poder para as pessoas que nos representam, mas as seguramos demais, prendemos, controlamos demais. É preciso dar mais liberdade, mais autonomia para estas pessoas”.
“A formação para o pastoreio, de pastores e pastoras que assumam a animação, a coordenação, a condução pastoral, financeira da comunidade”. 

Dom Enemésio Lazzaris

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Dom José Silva Carvalho é ordenado Bispo de Caetité




A celebração aconteceu na Praça da Catedral, em Caetité. Foto: Luan Ferreira/PASCOM
Na tarde desde domingo, 29, a Diocese de Caetité celebrou a ordenação episcopal de seu nono bispo: Dom José Silva Carvalho.
A celebração reuniu milhares de pessoas na praça da Catedral de Senhora Sant’Ana. As 33 paróquias e 35 cidades que fazem parte da diocese estiveram presentes.
Gente de Vitória da Conquista e de Poções, última paróquia em que esteve Dom Carvalho, participaram da cerimônia, que foi presidida pelo arcebispo da Arquidiocese de Vitória da Conquista, Dom Luis Gonzaga Pepeu.
O momento de alegria pela chegada do novo bispo foi compartilhado por Dom Pepeu durante a homília. Ele falou dos momentos vividos com Dom Carvalho em Vitória da Conquista, além da contribuição, do agora bispo, na formação de novos padres.
Emocionado, Dom Carvalho agradeceu a acolhida. Disse que agora será o momento de nova caminhada. Dom Carvalho expressou sua vontade de logo conhecer cada canto da Diocese.
Ao final fez agredicentos. Demonstrou gratidão a cidade de Poções, Paróquia do Divino Espírito Santo, onde disse ter crescido na fé. Na procissão de encerramento da celebração o aceno, o carinho e afeto por suas novas ovelhas foi demonstrado.

sábado, 28 de janeiro de 2017

SEJA BEM VINDO DOM CARVALHO



Dom Carvalho apresenta seu brasão episcopal



Brasão do Episcopado de Dom Carvalho
O nono bispo da Diocese de Caetité, Dom José Roberto Silva Carvalho, que terá sua ordenação episcopal e posse da Diocese no próximo dia 29 de janeiro, apresentou hoje, em sua rede social, o Brasão Episcopal. Em latim, a frase “Servite Domino in Laetitia” (Servi ao Senhor com alegria. Sl 99) aparece no brasão como o lema de seu episcopado. Leia abaixo a descrição simbólica do brasão. 
1. Campo Azul: Símbolo do céu, nossa futura Pátria. “Vinde benditos de meu Pai e tomai posse do Reino para vós preparado desde a fundação do mundo. (Mt 25,34)
2. A concha com a Pérola: representa Sant’Ana (concha) que carrega em seu ventre Maria (pérola). Senhora Santana é padroeira Diocesana de Caetité, Diocese em que D. Carvalho exercerá seu ministério episcopal.
3. Campos de prata e ouro: as cores do Vaticano, pois Dom Carvalho, recebeu em 01.11.2011, o título de Monsenhor “Capelão de Sua Santidade”. Por solicitação de D. Luis Gonzaga Silva Pepeu, Arcebispo de Vitória da Conquista.
4. Lírio: representa São José, padroeiro do estado do Ceará, do qual D. Carvalho é filho, natural da Capital do estado, Fortaleza, sendo também devoção particular, por ter recebido no batismo o prenome de José.
5. Carnaúba: vegetação nativa do nordeste do Brasil, símbolo do estado do Ceará, conhecida como árvore da vida, por oferecer uma infinidade de usos ao homem; fonte de riqueza econômica para o estado.
6. Pálio vermelho, com sete chamas: é uma referência à Paróquia do Divino Espírito Santo, Paróquia em que D. Carvalho era Pároco, quando foi nomeado Bispo para Caetité. Também, no dia de sua Posse de Pároco 01.11.2011, recebeu o título de Monsenhor Capelão de Sua Santidade.
7. Flor de Lis: simboliza nossa Senhora, tendo como devoção particular nossa Senhora do Carmo.
8. O listel traz o lema episcopal de D. Carvalho: “Servite Domino in Laetitia” (Servi ao Senhor com alegria. Sl 99)
9. O chapéu verde com os cordões e cruz processional: são símbolos da heráldica eclesiástica que por regra, devem estar presentes no brasão episcopal.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

LINDO VÍDEO SOBRE O OFÍCIO DIVINO DAS COMUNIDADES

ZÉ VICENTE SEMINARIO DE COMUNICAÇÃO DAS CEBs- OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO

Cordel das CEBs

Cordel das CEBs

Autoria:  Wandras Santos - Diocese de Caetité


"Alegremente vamos chegando,
Festa bonita vai começar. "
É  o povo das Cebs,
Que vem de todo lugar.
No tempo em que o Brasil,
Passa por uma confusão.
O povo se reuniu,
Para uma formação.
Um encontro diocesano,
Na cidade de Caetité,
Reuniu o povo de Deus,
Sustentados pela fé.
De início foi lida, com muita emoção,
Uma carta mandada,
Por Tiago Aragão,
Dedicando para todos,
uma boa formação.
Coordenador regional,
Do nordeste sofredor,
Dedicado com o povo,
Que luta por amor.
A análise de conjuntura,
Foi feita por Gilmar,
Para que tivéssemos uma noção,
De como o Brasil está.
Se foi golpe não temos dúvidas,
Pois a democracia já morreu,
Tirou manhia Dilma,
E os projetos sociais escafedeu.
O ser humano é obra divina,
E não podemos questionar,
Mas as atitudes de alguns ,
Não podemos deixar de falar.
Um fora temer precisava,
Antes de começar a formação,
Mas ninguém interviu,
Na vida do charlatão,
Golpista e salafrário,
Que não passa de um ladrão.
Depois da janta,
Todo mundo foi rezá,
E os elementos da natureza, com alegria contemplá.
Não era o da catedral,
Mas cedo o sino suou,
Era o tal do Nilson Ladeia,
Que logo nos acordou.
Com destino a capela,
Para o jardim fomos direcionados,
Com uma oração inicial,
Para sermos abençoados!
O evangelho de lucas,
Foi muito bem colocado,
Por Marcos de irundiara,
Homem simples e arretado, com muita dedicação,
Deixou para nós um grande aprendizado.
Sobre o nordestão,
Os caras falou bonito,
Veio até um evangélico,
Para mostrá o quão o povo é unido.
Um encontro ecumênico,
Em Teresina aconteceu,
A união do povo de Deus,
E as ceb's prevaleceu.
Uma tarde cansativa, produtiva e animada,
Canturia, alegria e até mesmo ginástica,
Perna para cima,
Pescoçada, agachadinha e pulada.
Ir. Ida vendo o sufoco,
Que os colegas passavam,
Pediu para todos,
que desce uma parada,
Mas a parte melhor foi quando disse para da uma abaixada.
Marli e Roseli, deixou de lado o violão.
Pegou a papelada e foi  dando de mão em mão.
Elas queriam era saber,
Como anda nas comunidades,
A nossa formação.
Ir. Benedita preparou,
o memento mariano,
Para sentirmos,
Maria misericordiosa nos abençoando.
Depois de uma bela janta,
Um momento festivo não poderia faltar,
Moda de viola e cantoria,
Animação para alegrar,
Foi a Cebs reunida para comer a dançar.
Comida para sobrar,
Fartura ali tinha,
Mas eu não sei o que aconteceu,
Com minha amiga Ritinha.
Sobre o laicato,
Marcos falou o que queria,
Ivo acrescentou,
Sobre os problemas que a Cebs sofria.
Não é nada muito grave,
Pois o povo vai resolver.
Um problema financeiro
Que muitos já imaginava ter.
Soluções foi colocadas.
Para as comunidades fazer,
Balaios, doações e bingos,
Para o dinheiro render.
Como de costume.
Uma avaliação precisaria,
Foi Pe. Reinaldo que perguntou com alegria,
O que nós gostamos?
E o que mudaria?
Com o almoço encerrou,
O encontro prazeroso,
Todos voltaram para casa.
Com aprendizado maravilhoso.
O cordel aqui acaba,
Mas a missão vai continuar, somos o povo das Cebs,
A luta não pode parar.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

AMPLIADA DAS CEBs 3, 4 E 5 MARÇO 2017



Convite
Regional das CEB’s Nordeste lll
“Nas horas de Deus, amém!Pai, Filho, Espírito Santo Luz de Deus em todo canto, nas horas de Deus, amém!”


Irmãos e Irmãs, Paz e Bem!
Já estamos em 2017, nossa caminhada não pode parar. Entre altos e baixos seguimos os trilhos com objetivos de um mundo melhor para todos.  Com isso queremos lembrar a todos/ nossa primeira ampliada das CEB’s, RegionalNordeste lll-Bahia e Sergipe.
Tema: Experiências e espiritualidade das CEB’s
DATA:3, 4 e 5 de Março de 2017
Horário: Início dia 03 as 14 hs termino dia 5 as 11hs
Endereço: Papagaio. Feira de Santana/Ba
Local:  Casa Mãe de Nazaré
Taxa: R$ 50,00

Obs: Traga,Roupa de cama, banho,higienização, Bíblia material para anotações.Pedimos também alguma comida e apresentação típica da sua diocese para animação da nossa noite cultural.
O trem das CEBs e movido por todos nós! "Não fique fora não vai perder o term. O Regional Nordeste três chora e grita também”.

Att,
Equipe de articulação das CBE’s Regional Nordeste lll
Ivo de Jesus-77 99960 0002 (Caetité)
Denilza Marques -77 99145 2688 (Bom Jesus)                                             
Nilson Ladeia-77 99988 6138 (Caetité)
Maria Aparecida (lia)- 75 99202 5710 (Rui Barbosa)