quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Carta compromisso da 5ª Semana Social Brasileira.
5 de setembro de 2013

A assembleia da 5ª Semana Social, promovida pela Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, reunida no Centro Cultural de Brasília-DF, de 2 a 5 de setembro de 2013, analisou a realidade brasileira e global, escutou os clamores populares e celebrou a caminhada dos movimentos sociais e das igrejas, na defesa e na promoção da vida.
Este processo, que acontece há vinte anos, tem contribuído no debate com a sociedade para proposições de iniciativas para a superação das desigualdades sociais e regionais.
É um esforço conjunto das organizações sociais na defesa dos direitos humanos e da natureza como expressão da solidariedade e da profecia cristã.
É exigência da fé, amar a Deus e ir ao encontro do outro, sobretudo, dos pobres e necessitados. Pois “os pobres são os juízes da vida democrática de uma nação” (Exigências Éticas da Ordem Democrática, nº 72, CNBB, Doc nº 42, 1989).
As manifestações de rua que acontecem no país desde junho deixam um alerta para a sociedade. Não é mais possível negar os direitos e a participação dos cidadãos/as invisibilizados/as.
O modelo desenvolvimentista assumido pelo Estado Brasileiro atual, baseado em políticas compensatórias, submete a nação às determinações da mundialização neoliberal em crise, reprimariza a economia, explorando os bens naturais e humanos para a exportação, transformando-os em commodities. Este modelo viola o direito dos povos e ameaça a vida do planeta, impactando as comunidades rurais e urbanas, as classes trabalhadoras e a população em geral.
A 5ª Semana Social Brasileira, ao debater sobre o Estado para que e para quem, procurou dar vez e voz ao conjunto da sociedade, bem como dos povos e comunidades impactadas pelas políticas do Estado, em sintonia com os clamores das ruas e suas reivindicações. Estes são novos sujeitos políticos no processo de construção da sociedade e do Estado do Bem Viver, conviver, pertencer e ser. Seus fundamentos são a solidariedade, a fraternidade e a sustentabilidade para garantir vida plena às gerações presentes e futuras.
Reconhecemos os avanços que a sociedade conquistou nas últimas décadas, conscientes de que essas vitórias estão ameaçadas pelo desmonte constitucional. Por isso, comprometemos-nos na refundação de um Estado de inclusão e de igualdade social. O protagonismo dos movimentos sociais garantirá um Estado que se fundamente na democracia direta, participativa e representativa. Acreditamos nos sinais de esperança presentes na sociedade e nas igrejas que apontam para um novo Estado e uma nova sociedade.
Para construir o Estado que queremos, assumimos os seguintes compromissos:
1) Defender o trabalho para todos/as. Trabalho digno e não precarizado. Nenhum direito a menos. Redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução dos salários como repartição dos abusivos ganhos de produtividade do capital. Reaparelhamento do aparato fiscalizador do Ministério do trabalho. Fortalecer a Economia Popular Solidária como uma política de Estado.
2) Promover a formação para a cidadania, apoiando a proposta da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas e da convocação de um plebiscito para uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva. Participar da campanha saúde +10; 10% do orçamento da União para a educação e os demais direitos sociais; contra a privatização dos serviços públicos.
3) Retomar e fortalecer a metodologia das Assembleias Populares, com a criação de Tribunais Populares, pela democratização do Judiciário e do acesso à justiça e a reestruturação do Sistema de Segurança pública, visando à construção de um Estado defensor dos direitos humanos e ambientais.
4) Apoiar a Reforma Agrária, a agricultura familiar e agroecológica; o reconhecimento dos territórios dos Povos Originários e Comunidades Tradicionais: camponeses, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, pescadores artesanais, extrativistas, recicladores, e demais grupos sociais fragilizados, cujos direitos são garantidos pela Constituição Federal e que não são cumpridos.
5) Fortalecer a Campanha pela Democratização dos Meios de Comunicação Social e participar de fóruns específicos.
6) Garantir a efetivação dos Conselhos de Juventudes para o controle social das políticas públicas; assumir a campanha contra o extermínio de jovens, principalmente pobres e negros; contra a redução da maioridade penal e a violência às mulheres.
7) Incentivar políticas de defesa civil, com participação da sociedade, para a prevenção dos impactos socioambientais dos projetos desenvolvimentistas e a proteção e garantia de direitos das populações afetadas.
8) Exigir do Governo Federal a implementação do Marco Regulatório das Organizações da Sociedade Civil e que haja sua efetiva participação.
9) Incentivar a criação e o fortalecimento dos fóruns populares que monitoram e propõem políticas urbanas nos bairros, nas regiões administrativas e nos municípios.
10) Informar e mobilizar a sociedade sobre a gestão dos recursos públicos, participando de campanhas pela revisão da distribuição orçamentária da União; por uma reforma tributaria progressiva e participativa; contra uma política de endividamento público e de gestão do orçamento social e ambiental irresponsável. Exigir do governo o fim dos leiloes do petróleo, pela plena reestatização da Petrobras, bem como a auditoria da dívida pública, conforme o artigo 26 das Disposições Transitórias da Constituição Federal.
Dentre estes compromissos, destacamos a urgência pela:
1- Reforma política
2- Demarcação das Terras Indígenas, dos Territórios Tradicionais, dos Quilombolas e Pesqueiros
3- Solicitar ao papa Francisco que convoque um evento internacional sobre a Vida no Planeta
Apoiamos a reforma política que garanta a soberania popula; a Campanha da Coalizão Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas; a convocação do Plebiscito Popular para uma Assembleia Nacional Constituinte exclusiva; a Campanha pela Demarcação dos Territórios Tradicionais e Pesqueiros.
Concluímos afirmando nosso apoio ao papa Francisco na renovação da Igreja.

Brasília – DF, 5 de setembro de 2013

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

CARTA DA 2ª AMPLIADA DAS CEBs REGIONAL NORDESTE 3 DO ANO DE 2013

CARTA DA 2ª AMPLIADA DAS CEBs REGIONAL NORDESTE 3 DO ANO DE 2013
            Nós, 70 missionários e missionárias, de dezenove dioceses e arquidioceses do Regional Nordeste 3, nos encontramos nos dias 31 de agosto e 1º de setembro de 2013 na paróquia Sagrado Coração de Jesus do Alto do Cabrito (Salvador-BA), para participar de mais um encontro que alimente nossa caminhada. Neste lugar de ruas estreitas, de gente simples, trabalhadora, encontramos o aconchego de quem desde a fé chamamos de irmãos e irmãs.
Um momento de oração deu inicio ao nosso encontro, para logo analisar a conjuntura sócio-eclesial com a ajuda de Ruben Siqueira, da CPT Regional. Partimos de uma frase do filósofo Antonio Gramsci: “Ser pessimista na análise e otimista na ação”, e a partir daí vimos àquilo que está marcando a vida social atual: os protestos nas ruas, o papel da mídia diante disso, a necessidade de uma reforma política, os problemas relacionados com a mineração e a exploração dos recursos naturais...
Podemos concluir diante da realidade que estamos num momento de apocalipse e que somos desafiados a reagir. Mas, ao mesmo tempo, descobrimos no Papa Francisco alguém que dialoga melhor com os pobres, com as comunidades de base.
Logo depois nos reunimos em três rancharias. A primeira, CEBs e o Grito dos Excluídos, assessorada pela Ir. Terezinha Foppa, da Diocese de Ruy Barbosa, nos leva a sentir a necessidade de, como CEBs, assumir o grito dos excluídos, as semanas sociais e a Campanha da Fraternidade como parte integrante de nossa missão em vista da construção de um projeto popular de sociedade rumo ao Reino de Deus, sem perder a motivação pela falta de apoio das autoridades eclesiásticas e o desinteresse do povo.
A segunda, Espiritualidade das Romarias e a Romaria do Padre Cícero, assessorada por Fr. Jorge Geraldo, da Arquidiocese de Salvador, nos faz cair na conta do divorcio clero-povo, da necessidade de resgatar na formação nos seminários um novo jeito de relacionamento dos pastores com o povo. Somos desafiados a dar continuidade às romarias em nossas comunidades. Sente-se a necessidade de estudar o documento de estudo da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia” para recuperar a ideia de Igreja de CEBs.
A terceira rancharia, Juventude de ontem e de hoje, quais os desafios?, assessorada por Roberjane Ribeiro Nascimento, da Arquidiocese de Salvador,  nos faz um chamado sobre a saída dos jovens da Igreja, diante da falta de atrativo. Frente a isso deve surgir a necessidade de um projeto de Igreja que acolha sem preconceito, com uma linguagem adequada, juvenil, tendo em conta a realidade social diferente e o novo conceito de família.
Encerramos o primeiro dia com um passeio no Pelourinho e uma animada noite cultural.
Nosso domingo começou com a celebração eucarística, para depois tomar consciência da luta do povo tupinambá de Olivença e nos posicionar como CEBs diante das perseguições que estão sofrendo. Foi avaliada a caminhada do Regional e o andamento deste encontro, para finalizar fazendo os encaminhamentos para o 13º Intereclesial, a programação para o ano 2014 e a oração de envio.
Agradecemos a Deus pela possibilidade de ter nos encontrado mais uma vez e a partir da reflexão ter enxergado pistas para fazer realidade seu projeto em nosso meio, especialmente entre os pobres.

01 de Setembro de 2013 - Alto do Cabrito, Salvador - BA